sexta-feira, 8 de julho de 2011

Blue Eyes

Fecho os olhos… oiço os sons que me rodeiam… Não os pretendo descrever… levar-me-iam facilmente para mundos imaginários de felicidade, de perfeição… e hoje sinto-me imperfeito, incompleto… sinto uma dor capaz de assolar qualquer sorriso que me pudesse fazer parar este sentimento inverso da alegria…

Três anos!!! Como se explica isso… procura-se respostas onde tudo é mudo, aceita-se esse silêncio, como se estivéssemos na escuridão das profundezas dos mares, nesse universo estéril a sentimentos, capaz de nos consumir a alma… deixa-se o tempo disseminar na vida, como quem ignora as suas responsabilidades…

A tua ausência começa a distanciar-se no tempo, mas o tempo não tem a força capaz para te afastar… Tu venceste a vida, não com a imortalidade, mas antes, com a tua eternidade, que faz de ti, uma constante presença em cada um de nós… um sentir tão natural e inquestionável, como todos aqueles que Deus nos oferece, em cada raiar do sol, em cada sombra reproduzida pela luz do luar… como esta brisa calma que faz as folhas das árvores sussurrarem, nesta Linda Noite apaziguante que hoje me escurece…

Era tão fácil se os nossos sonhos e desejos se realizassem… com um simples fechar de olhos, e bem no nosso íntimo, dar voz ao que a nossa alma reclama... era tão fácil, pensar que bastava acordar, e tudo não tinha passado de um sonho… era tão fácil, se cá estivesses….

Não, a vida não continua… não, não se trata de um processo natural, de um ciclo… A vida é estranha sem ti, e embora nos sintamos ancorados a ti, a vida parece que não se dá a sentir, é como um silêncio, que não chega a ser interrompido com a tua voz que nos tranquiliza, tornando-se assim uma vida vulnerável… a espera que o próximo segundo traga a dádiva cintilante da luz dos teus Blue Eyes…

Não receio esquecer-te, apenas sinto a tua falta… o tempo voa em nossos olhos, a vida perde-se pelos itinerários antes traçados… um cruzamento que não está ninguém à nossa espera… uma recta em que não se avista a curva, em que depositamos a esperança de te encontrar ao contorna-la…

A vida transforma-se numa operação aritmética, onde nunca se subtrai, nem se divide, apenas se soma… mas as saudades multiplicam-se, e Sinto-te sempre tão perto de mim… Não desisto... não o sei fazer, mas sinto que não luto… Não vacilo... iria contra o que me ensinaste... mas perco as forças, quando sinto aquele sacudir que me desperta, e me apercebo que não estarás presente para te mostrar o que conquisto…

Sinto-me à deriva, espero por uma mão tua que me estabeleça de novo o meu rumo… Procuro em qualquer pormenor um sinal teu… desejo ao adormecer que apareças no meu sonho… vou até junto de Ti, à espera de um milagre… Sei que estás presente em tudo isto... mas quero testemunhar, a fé vive em mim, é um herança tua… mas preciso que um destes desejos se realize... esta dor apodera-se de mim, e torna-se insustentável viver sem ti, sem um sinal teu que adie, por breves instantes, este latejar imutável que vive em mim…

Oiço os sons que me rodeiam, e abro os olhos… procuro-te, quero-Te sentir, preciso de te ver… em cada som que reconheço, em cada pormenor que não me escapa, quero sempre acreditar, que és tu que encenas para mim… e lá volto eu a tentar ver a perfeição das coisas… e hoje, só hoje, vou-me deixar levar, e sentir que és tu que fazes as árvores balançar, e que o som suave e calmo que as folhas reproduzem nesta noite, é a tua voz a dizer-me – EU ESTOU AQUI



AMO-TE Meu PAI. (2011.06.20)