Olha para mim e não me vejas...
Nem me oiças, pois minha voz
apagou-se...
Não procures o toque, se não
existe mais a identidade...
Não me sintas ou penses em mim...
Não quero fazer parte de ti...
Do teu imaginário, eu abdico de
pertencer...
E ao acordares, naquele primeiro sentimento enevoado,
de teres sonhado...
Que eu seja apenas um instante de
um fragmento da ilusão...
Algo que não se explique...
Que não encontres qualquer
vestígio de realidade...
E que nem o meu sorriso me revele...
Não chores por não me
reconheceres,
eu não te pertenço...
Não me desejes, por mais que no
emaranhado da escuridão,
te sintas perdida...
Comum ou cumplicidade, são para
nós palavras,
que apenas vivem acorrentadas entre capas...
E a pele que me cobre, é para ti
invisível ao coração...
Pois se teus olhos, há muito que
mudaram a sua rota,
o meu ser indefeso ancorou no infinito
do vazio...
Não me recordes ou me projetes, se nem o presente eu sou...
Não leias estas últimas palavras,
Que perdem a sua força, e se apagam na memória...
Servem apenas para se despedirem, sem qualquer mágoa...
Despidas de sentimento...
Desarmadas de poder...
Num silêncio tão profundo,
Que
nos chega a consumir até à primitiva membrana
Do nosso Ser.
Indefensus
(MAC)
P.s- Lembre-se de não esquecer,
o que se esqueceu por não se lembrar.